O QUE EL@S DIRIAM SE AINDA ESTIVESSEM VIV@S (2016)
Estreia | 18 de agosto na Associação Os Artistas, Faro
Texto | Adaptação livre do Ato V, Cena I, Hamlet de W. Shakespeare
Dramaturgia e Encenação | Teresa Henriques e Teresa Coutinho
Cenografia e adereços | Teatro Improviso
Com | André Alfarrobinha e João Sousa
Sinopse
O que el@s diriam se ainda estivessem viv@s? É essa a questão à qual dois coveiros procuram dar resposta, questionando figuras, reais ou imaginárias, que deixaram a sua marca ao longo do tempo e que nos desafiam a questionar o sentido da nossa existência num curto “aqui e agora”.
André: (cantando) Grândola… Vila Morena.
João: (acompanhando): Terra da fraternidade… O povo é quem mais ordena…
André: (interrompe com um shiiiiiiiiiiiuuuuuuuuu e mostra a caveira ao João) Estás perante o autor da música, Zeca Afonso, outro revolucionário, que acreditava que a democracia, depois dos cravos, era de todas as pessoas.
João: O pior é que não foi. Melhorou, mas olha para ti, um ordenado miserável e tantos anos a abrires covas. E eu, aqui, com um trabalho precário e mal pago? O que elas diriam hoje se estivem vivas?
André: Ainda te quero mostrar outra.
(Pega na caveira de Maria de Lurdes Pintassilgo.)
João: E essa quem é?
André: Maria de Lourdes Pintassilgo, a primeira mulher, e a única, depois e antes da revolução, a ocupar o cargo de primeira ministra.
João: Olha, se não tivesse alguma confiança na tua sabedoria, nem acreditava que tinha havido uma primeira ministra neste reino de afogadas.
André: De Hamlets e Ofélias, queres tu dizer.
João: É isso que elas diriam se estivessem vivas?
André: Talvez. Mas mais do que dizerem alguma coisa, se elas estivessem vivas, continuariam a lutar pelos seus sonhos.